Por mais que o tempo passe não me canso de ver aquela imagem nos idos anos 90 quando era um jovem e imberbe (ou quase) aluno da FCUL.
A passagem de ano havia sido um sucesso atroz. Perdidos numa vila semi-abandonada - como tantas outras - em terras de Mação, a malta acotovelou-se numa salinha (mais ou menos o tamanho de uma cozinha daquelas que se podem ver em apartamentos da zona oriente de Lx). Não eramos muitos felizmente - ai uns 20 ou 30 - mas deu pró gasto.
Na manhã de 01 de Janeiro, após a valente bebedeira da praxe, eis que estava eu a passear pela vila quando me deparo com uma visão que me marcou tão profundamente que não poderia deixar de começar aqui as atrocidades com ela.
Era então, uma porca. Isso mesmo ! Uma porca. Imagine-se um tipo sair do banco da pickup - onde dormiu abraçado à sua mochila como se não houvesse amanhã - e quando o sol se-lhe arreganha nos cornos e vai fazer a primeira mija do ano ali está ela. A porca. Acabadinha de acordar, arregala um olho por detrás de uma orelha perguiçosa, o focinho - tão docemente - pousado por entre as patas dianteiras. E o que faz !? ah-há ! Não faz nada. Baixa os ditos e continua a roncar - como quem pensa «ora que este pedaço de merda tinha de me vir acordar a uma hora destas».
E agora perguntam voçemessês. E porque é que o pedaço de merda foi criar um blog para relatar uma javardiçe destas !? Boa pergunta, mas eu explico ... ou não ...
Reporto à frase primeira: «Por mais que o tempo passe não me canso de ver aquela imagem[...]». De facto não me esqueço do focinho da bicha pelo simples motivo de que gostaria de ser como ela. Quando o chefe me chateia a moleira, quando algum palhaço é tão burro que só apeteçe partir-lhe os cornos - mas não posso - quando há sempre aquele(a) filho-da-puta que não se cala, e um gajo só queria estar ali sentado a mamar canecos, sem pensar que o amanhã continua o seu movimento perpétuo no sentido descendente da vida. Foda-se! Devia ser possível um gajo pura e simplesmente não se chatear tanto ... seria só ser uma porca, e pronto !
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