Hoje apetece-me falar de política. E de coisas a boiar.
Boiemos, então.
A oligarquia é uma forma de governo em que todo ou quase todo o poder está nas mãos de um pequeno segmento da sociedade, de certa forma o oposto de uma democracia, em que o poder é (em pura teoria) partilhado por todos os cidadãos.
Até aqui, definições, etc.
Nada que se pareça com a realidade. Vamos arrastar estas divagações para um plano mais terreno.
O que é giro é que existe uma teoria que diz que todas as organizações tendem a transformar-se em oligarquias, independentemente do seu estatuto original como democracias, bonitas e cheias de ideologias cor-de-rosa, com cheiro a cravo. Uma teoria com o pouco simpático nome de "A Lei de Ferro da Oligarquia".
Sem andarmos para aqui a escarafunchar na antropologia até esta cheirar demasiado mal, podemos ficar a saber que isto consiste no princípio de que uma qualquer organização, em particular uma que já assuma grandes proporções, tem obrigatoriamente que desenvolver uma tendencia para "entregar" poder a um restrito número dos seus constituintes.
Segundo esta lei, a democracia e as organizações em grande escala (como, só a título de curiosidade, um país) são incompatíveis.
Li e reli uma carrada de (virtual) papel sobre isto.
Não fiquei minimamente impressionado com tamanha constatação do óbvio, apesar de dar algum valor pela formulação da coisa.
Então mas alguém duvidou, desde sempre, que uns mandam e outros nem por isso? E que se uns mandam, os outros são mandados? Ah, pois. Adivinha quem é mandado, soce?...
Mas elaboremos um bocadinho. Se a organização assume uma complexidade cada vez maior, a necessidade de elementos que preencham as "vagas" para cargos de poder é cada vez maior. Ou seja, quanto maior o navio, mais gente necessária para o manter à tona de água.
Dúvida: será que as vagas, a cada dado momento, são em número superior ao dos elementos necessários para as preencher? E se sim, estas não têm obviamente de ser preenchidas, sob pena do navio governativo afundar num mar de "desborucratização" involuntária, que conduz inevitavelmente à ingovernabilidade? E ao fundo do mar?
E preenchidas por quem, a não haver a quantidade necessária de indivíduos capazes? E não vamos discutir quem decide quem é capaz ou não - quid custodiet ipsos custodes?
Caros amigos, e não só, a resposta é tão simples que até dói: gente incapaz, colocada em cargos por gente que concorda com esta gente, que foi colocada no cargo em que está por gente que concordou com eles, ad infinitum. Ou o Sr. Cunha - está-se tão bem na cunholândia, em que o sol brilha para todos os incompetentes elementos da mesma família, todos os primos, filhos, sobrinhos, etc., domesticados para a função por inerência de tão imbecil conceito: fulano é bom para este lugar porque é filho de uma certa tia prima de sicrano.
Não sou matemático. Mas será que todos os lugares numa organização não são importantes? E portanto, devem estar entregues a gente capaz. E, será que não é estatisticamente impossível que toda a gente seja o mais capaz possível para todos os cargos? E que um incapaz vai ter influência na escolha de novos incapazes para outros cargos, pelos motivos acima descritos? E nem que seja para disfarçar a sua incompetência - e o quanto a escolha da sua própria pessoa foi incompetente? Quando o capaz vai tentar escolher outros capazes, estes não vão ser suficientes, e haverá incapazes na safra. Estão a ver no que isto vai dar?
No fundo, isto significa que somos governados por esterco.
A prova? Fácil. Quem governa está por cima.
E a merda fluta...
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