quarta-feira, novembro 15, 2006

À Política os nomes pouco simpáticos ...

Remeto o leitor para um endereço bastante elucidativo. (http://evolution-101.blogspot.com/). Como é sabido - pelos interessados no tema como é óbvio - o conceito de evolução biológica, e dos mecanismos que a fazem mover, tem evoluído muito desde a ideia inicial dos tempos de Charles Darwin. Acredita-se à luz do conhecimento actual que não será tanto um linear only the strong survive mas mais um only the best fit survive – ou coisa que o valha.

Qual o porquê disto e qual a sua relação com o título deste post perguntam vocês? Já vamos passar a isso.

Posso dizer-vos desde já que tem tudo a ver, ou melhor, tem vindo a ter a ver cada vez mais com a forma com que as sociedades em geral – e a nossa tugolândia em particular- teem de facto evoluido (certamente de uma forma muitissimo mais acelerada que o equivalente processo biológico – como é comum aliás nas coisas do bicho Homem).

Tem tudo a ver com a forma como se evolui e – eventualmente tendo ou não a possibilidade de ter dinheiro para a sustentar – com a forma como se procria.

E como se evolui na sociedade portuguesa de hoje? Será sendo o mais apto? O mais preparado para os desafios do dia-a-dia no emprego? O mais culto, correcto e educado? O mais honesto?

Como é que se mantem o emprego neste pais sem que nos chateiem a cabeça todos os dias com problemas e ameaças de desemprego? É sendo o mais forte?

Eu acredito que não! E cada vez mais a imundice que vejo à minha volta me prova que tenho razão no que acredito.

Quando vejo crianças a quem é ensinado desde a mais tenra idade que os pais/professores não podem tocar nem com luva de pelica sob risco de processo judicial e afins, a quem é oferecida a qualificação escolar – tendo ou não aproveitamento – até ao mínimo obrigatório. Quando vejo que nos preparamos para a ofereçer até ao mínimo aceitável – o 12 ano, pergunto onde está o prémio para os outros? Esses que abdicaram dos jogos de bola, das namoradinhas da semana, das noitadas de copos, das tardes de skate, das noites bem dormidas e dos fins-de-semana sem fazer puto? Não há prémio algum. E qualquer marmelo que tenha gozado comigo por ser rato de biblioteca 21 anos da minha vida vai ter agora muitos mais motivos para gozar quando lhe for oferecida a escolaridade que a mim me levou 12 anos e muidos dias mal passados a obter. E ele teve toda a qualidade de vida e mais alguma durante esses 12 anos. Tudo o que eu sonhava – e sabia – que havia da porta de casa e da sala de aula pra fora mas nunca pude usufruir.

E no dia-a-dia do emprego? Será premiada a responsabilidade? O respeito pelos colegas? A honestidade em assumir as falhas e as corrigir? O brio profisional em tentar ser sempre melhor que no dia anterior, em apresentar melhor qualidade de trabalho e mais eficiência? Não meus amigos, neste país premia-se a incompetencia, a falta de civismo e de espirito de equipa. A falta de vergonha e a incapacidade de ser eficiente. Premia-se a inércia mental, e a recusa em aprender e evoluir.

Agora voltando ao tema evolução. Confirma-se cada vez mais na minha mente a ideia de que de facto evolução biológica ou social – em Portugal pelo menos – não é uma questão da sobreviência dos mais fortes, mais capazes. É tudo uma questão de sobrevivência dos mais aptos. Daqueles que de uma forma ou de outra se vão moldando às necessidades e/ou requisitos da sociedade que temos. Mesquinhos como ela, pequeninos, e principalmente sem levantar ondas. Vão tendo as habilitações académicas de borla, vão ficando nos empregos, prémio por não levantarem ondas, por não cometerem erros (o que também seria dificil, pois a meu bom entender para se cometer um erro na execução de um trabalho é preciso fazer qualquer coisa, e estes indivuos melhor adaptados não fazem nada). E por terem mais recursos – e aqui não são muito diferentes de qualquer praga em termos biológicos – reproduzem-se muito mais que os outros.

Deixo uma pergunta no ar como é meu hábito. Á luz do que aqui foi exposto, o que pensam vocês que estes seres ensinam à sua cada vez mais abundante prole? Será o mesmo que os meus pais me ensinaram a mim? O – tipico – não cometas os meus erros? Acho que não.

Só me apetece voltar aos meus imberbes e reaccionários anos de faculdade e ir gritar para a porta dos ministérios aqueles nomes pouco simpáticos que gritei há 15 anos atrás. Não que isso tivesse grande resultado – como não teve também naquela altura diga-se de passagem – num país onde a política é podre qualquer merda que saia da boca do povo apenas adocicará mais um pouco o odor ambiente.

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