Quando era pequenino não gostava de ostras. É um daqueles pratos que um tipo não gosta a primeira vez que lhe passa pela goela. Depois, com o tempo - e muito sumo de limão - lá se vai começando a apreciar aquele gostinho amargo na boca. Azedo, mas doçe ao mesmo tempo. Como se a coitada da ostra não soubesse ela mesmo muito bem ao que é que sabe.
É assim o ódio.
Quando somos pequenos não sabemos o que é. Não gostamos de odiar ninguém. Pedimos logo desculpa por tudo e por nada. Ainda bem embebidos em inocência não gostamos do aperto no estomago, do amargo na boca.
Depois tudo passa. E até a inocência já é alvo.
O ódio deve degustar-se levemente aquecido - como as ostras - com aquela pitada de limão q.b. só para dar gosto. Deve mastigar-se bem para que o sumo todo se embrenhe por nós dentro. Para que o sintamos em pleno.
Deve saborear-se cada pedaço, cada momento.
Não é de facto dos pratos mais fáceis de degustar. Mas com um paladar bem treinado meus amigos, torna-se o melhor manjar dos Deuses.
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