Cansam-me.
Nesse patético e frenético empurrar com a barriga do dia a dia.
Esgoto-me.
A ser obrigado a ser como elas. Para não ter de ser eu a tomar as decisões, ou as atitudes mais polémicas ou menos politicamente correctas. Para não ser eu o alvo das armas e dos barões assinalados.
Farto-me.
De ter de viver meia-vida quando podia ter vivido uma vida completa.
Exaspero.
No silencio do dia-a-dia. A ver a tinta a secar. Nesta constante espera, não pelo que será o amanhã, mas pelo que será a hora seguinte. Quais as novas dores de cabeça que virão com um telefonema, com uma nova e fresquissima chamada de atenção - como se não ouvisse as mesmas palavras vezes sem conta e pelos motivos mais absurdamente diferentes.
Serei mesmo eu quem está assim tão errado na forma de ver a vida e as coisas? Na forma de estar na vida e nas coisas? Ou será esta a altura de saltar da panela para o lume e ter pelo menos a certeza que foi por opção própria que queimei os pelos do cú? Ao invés de passar meia-vida a tentar ter uma vida completa, enquanto vou cozinhando em lume brando como um frango na caçarola...
2 comentários:
Não sei como vim aqui parar.
Acho que foi o cansaço. Não o cansaço fisico. Falo do outro. Aquele que já alguns de nós começamos realmente a sentir. E já se começa a pressentir o salto da panela para o lume. Não só por vontade própria mas porque urge...
Bom dia !
Pois é caro(a) anónimo(a). Mas alegre-se que não é por se irem os aneis que os dedos teem de ficar (acho que não era bem assim).
Queria eu dizer que às vezes o salto até não é mau de todo, a panela nem sempre dá a mais ampla visão do fogão, e o lume pode até estar apagado ! :)
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